quinta-feira, 25 de junho de 2015

A insustentável leveza do ser - Milan Kundera.

Em trabalhos práticos de física, qualquer aluno pode fazer experimentos para verificar a exatidão de uma hipótese científica. Mas o homem, por ter apenas uma vida, não tem nenhuma possibilidade de verificar a hipótese por meio de experimentos, por isso não saberá nunca se errou ou acertou ao obedecer a seu sentimento.” (Milan Kundera - A insustentável leveza do ser).

A primeira vez que ouvir falar desse livro foi durante o curso de francês, quando um colega de turma e o professor conversavam sobre um livro fantástico que envolvia um romance e filosofia. Fiquei curiosa e nesses anos tive o nome desse livro na cabeça, mas a vontade não foi o suficiente para comprar pela internet, já que nunca encontrei esse livro em Belém. Parece que a minha cabeça estava sendo preparada para ele.

Mais recentemente, com a pesquisa de livros possivelmente interessantes, notei que a Insustentável leveza do ser está na lista de “10 livros que deve ler” , “10 livros mais importantes”, “Não fique sem ler” e afins, de pessoas com algum know how para a literatura, o que me deixou ainda mais curiosa.

E, assim, em um dia despretensioso, eu o achei.

O livro começa com muitos questionamentos filosóficos, os quais vão sendo diluídos e respondidos (dentro do possível) de acordo com o desenrolar da história. Isto é, o Autor desenvolve a tal “filosofia e romance” dentro dos conflitos e das escolhas que os personagens vivem em um período de mais ou menos 10 anos durante a guerra fria. A maior parte do cenário da história é a cidade de Praga, na República Tcheca, então país fechado pelo regime socialista.

Em sua maioria, o texto é tragédia, seja das escolhas humanas, seja do contexto político em que os personagens estão inseridos. Vai dando uma tristeza ver fugas e a perdas que os personagens sofrem, até porque a literatura que é maciçamente difundida é a dos finais felizes, então é um choque entender que o bonito do livro é que ele trata das mazelas do ser humano, isto é, que é um livro real.

Até eu entender isso, o que mais me chamou atenção no livro foi o cenário e o contexto político, já que sou uma apaixonada por guerra fria e, muito por isso, tenho muita vontade conhecer o leste europeu, tendo a cidade de Praga duas estrelinhas. A guerra, as invasões e o sistema opressor do regime socialista são descritos com tanta precisão e maestria que é impossível que ele não deixe nenhuma marca em quem o lê.

É um livro tão marcante que, como se não bastasse os conflitos super complexos dos personagens, a cachorra também tem os seus sentimentos, aflições e problemas esmiuçados pelo Autor, de maneira que você sofre com a tragédia que também envolve Kerenin. A dor dela é a sua dor.

Mas mesmo com tanta tragédia, é de um final feliz irretocável, pois os personagens alcançam (cada um a sua maneira) a leveza do ser.  Isto é, aquilo que é preciso para viver, independente das opressões do sistema e das suas próprias perturbações enquanto ser humano. Tereza e Tomas devem formar um dos casais mais complexos da literatura, com certeza.


A conclusão mais óbvia de todas é que este livro é digno de todos os prêmios recebidos, de todos os elogios feitos e de todas as listas que está inserido. Sim, está entre os 10 melhores e você deve antes de morrer.   

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